Vocês já repararam que a amizade é uma questão permanente nas Crônicas de Nárnia? É claro que sim! Reepcheep e o dragão Eustáquio, Caspian e os irmãos Pevensie, Bri e Shasta, Hune e Aravis, Eustáquio e Jill Poe, Digory e Polly e o símbolo de amizade supremo: Aslan com sua criação, Aslan e os reis e rainhas de Nárnia!
Não é de admirar que, uma obra cujo um dos alicerces está na amizade tenha sido gerada por um elo único: a amizade entre Lewis e Tolkien. Mas falar do sentimento único que deu luz a duas obras que inauguraram o genero literário de fantasia, não é o objetivo deste post!
O foco hoje é olhar um pouco mais para a amizade entre o Líder dos ratos falantes de Nárni, Reepcheep, e Eustáquio Mísero, não o menino, mas o dragão. Interessante mencionar isso: enquanto menino, Eustáquio sempre olhou com desdém e superioridade para Reepcheep, que por sua vez não considerava o rapaz digno de ‘muita monta’.
Vale lembrar que, apesar da atitude um tanto arrogante, Reepcheep foi o único tripulante do Peregrino da Alvorada que de fato tentou se aproximar de Eustáquio. Mesmo com as grosserias do menino, o rato falante permanecia por perto, sempre de olho, sempre alertando o garoto do perigo de suas ações.
Aqui está um ponto a ser observado: amigo não é aquele que te apoia em tudo e concorda com seus erros. Amigo é aquele que segura sua mão, aponta seu erro, que te corrige porque quer o seu bem. Desde o início Reep tentou alertar Eustáquio para as consequências de seus atos.
Mas a amizade só veio a tona quando Eustáquio se transformou em dragão. Por quê?
“... e para a hora da angústia nasce o irmão”. (Provérbios 17:17)
Porque um amigo de verdade não vira as costas quando você se vê cercado por inimigos, ou quando está diante de seus erros. Amigo sincero e verdadeiro segura sua mão e diz ‘vamos enfrentar isso juntos’. Reepcheep fez isso.
A lealdade do Líder dos ratos falantes foi testada até aí. Ele podia ter feito como os marinheiros, que se apavoraram e esqueceram que aquele animal havia sido um tripulante do navio. Podia ter feito como Lucy, Caspian e Edmund: sentar e sentir pena do menino.
Mas Reep prefereiu ir além. Ele percebeu que Eustáquio estava enfrentando um grande momento em sua vida: ele estava enfrentando a si mesmo. Ter se transformado em um dragão não foi coincidência. Na realidade o menino só assumiu a forma do que ele era por dentro: uma besta selvagem e insensível, egoísta, um monstro. O papel de Reep era claro: fazer com que Eustáquio enfrentasse esse período com coragem. Mais do que amigo, Reepcheep foi um irmão mais velho, conduzindo o garoto nas mais diversas descobertas.
Até que o menino reconhecesse sua insignificância diante do mundo, Reep teve um papel essencial, ensinando humildade, coragem, autruísmo e amizade. Palavra que no dicionário de Eustáquio só significava uma coisa: interesse.
Reepcheep não viu uma fera perigosa, ele viu um menino precisando de socorro, ansiando por amor e correção. Eustáquio precisava aprender a crescer como uma criança e não como um adulto em corpo de criança!
Eis aí a irmandade clara e simples na qual C.S. Lewis baseou toda sua obra: amor de amigo, amor que ultrapassa fronteiras, que não vê diferenças, que suporta, apoia e corrige e acima de tudo, não tem interesse a não ser a felicidade alheia!
Sejamos como Reepcheep: amigos em todo tempo, mesmo com quem nos maltrata e ignora, e irmãos na hora da angustia.
Por Kamila Mendes
Adm do grupo As Crônicas de Nárnia e do blog Herdeiros de Aslam
3 comentários:
(*-*) nha! mt bom mana ^_~
obrigada, mana!
Me arrepiei aagora lendo esse post! Fantastico! Tomo como exemplo para mim. Engraçado que eu nnca tinha prestado tanta atenção assim, com relação ao vinculo de amizade dos personagens, e como eles ultrapassaram barreiras assim.
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